Canibalismo

Eles chegam
batem à minha porta
comem da minha carne
dormem na minha cama
e no outro dia se vão
levando um pedaço de mim

Aos pedaços

Entre mortos
e feridos
ficaram os livros
os discos
e aquele gosto
de passado
na boca

Infinito

O tesão não passa
A paixão não morre
Desde que seja amor
O que nas veias corre

Versinho

Hoje eu quero
Fazer um verso
Assim sem nexo
Só um verso
de menina
Para embolar
seu ritmo
E bagunçar
minha rima

Revisão

Empacotei o passado

Organizei o presente

Sem pensar no futuro

Se vai dar certo, meu bem
Eu não sei e nem juro

Como Florbela,

Hoje aqui,
Depois além!

Haicaizinho

Fumei um beck
Tomei um vinho
E fui saindo da vida
De fininho

Para Almodovar

A pele que habito

Não tem quartos nem recinto

Tem as marcas de ontem

Naquilo que hoje sinto

A pele que habito

Não tem saída

Só labirinto